Em evento marcado por discursos de união e fortalecimento do municipalismo, nova diretoria da Associação Brasileira de Municípios (ABM) toma posse com foco em ampliar o diálogo entre gestores locais e o Governo Federal
Por Cleuber Nunes, da ABM
A Associação Brasileira de Municípios (ABM) elegeu, nesta terça-feira (25), sua nova diretoria, com o prefeito de Maricá/RJ, Washington Quaquá, assumindo a presidência da entidade. A cerimônia contou com a presença de prefeitos/as, parlamentares e representantes do Governo Federal, que reforçaram a importância da parceria entre os municípios e a União para o desenvolvimento do país.
Em seu discurso, Quaquá destacou a necessidade de fortalecer os municípios como protagonistas na construção de políticas públicas e na redistribuição de recursos. “Quero transformar a ABM num grande centro de debate nacional, de debate a partir das cidades”, afirmou. “Mostrar que a emenda parlamentar ou a emenda orçamentária que chega no município não é obrigação, pois a riqueza é construída nas cidades. Então, essa riqueza que é construída no município – e vai para o Governo Federal como imposto -, precisa voltar para o município para enriquecer o país.”
O novo presidente também enfatizou o papel dos trabalhadores e empresários locais no desenvolvimento nacional: “Quem enriquece o país é o trabalhador, é o empresário, é o povo que vai para o município. Então, a partir da presença do ser humano, do homem, da mulher, das pessoas no território, é que a gente vai fazer do Brasil essa grande nação que ele é, que ele sempre quis ser e que ele nunca conseguiu ser.”
Legado de Ary Vanazzi e novos desafios
A ABM também homenageou o ex-presidente Ary Vanazzi, ex-prefeito de São Leopoldo (RS), que deixou a presidência após um mandato marcado por ações de fortalecimento dos pequenos e médios municípios e por sua atuação destacada no enfrentamento às enchentes que atingiram sua cidade. Vanazzi, agora presidente do Conselho Político da ABM, deixou um recado aos novos gestores: “A ABM tem uma característica forte, que é a entidade mais antiga desse país, fundada em 1946, e ela tem esse compromisso de construir políticas públicas para as prefeituras e principalmente para os pequenos municípios.”
Ele ainda destacou os desafios da gestão municipal: “Quem é prefeito pela primeira vez deve estar sentindo as amarguras da vida e as dificuldades, mas também as alegrias de poder fazer as coisas de importância nas nossas cidades.”
Representatividade indígena e voz das pequenas cidades
A nova diretoria da ABM também traz nomes que representam a diversidade brasileira. Zeca Pataxó, secretário de Agricultura de Santa Cruz Cabrália (BA) e agora vice-presidente de Agricultura da ABM, falou sobre a importância da inclusão dos povos indígenas: “É importante para nós, povos indígenas, ser incluído, porque ultimamente, nós, povos indígenas, as pessoas tiram, isolam de participar do futuro do nosso país.”
Já Chica do PT, prefeita de Carinhanha (BA) e segunda vice-presidente da ABM, destacou a luta das pequenas cidades por visibilidade: “Eu moro na divisa do norte de Minas, no barranco do Rio São Francisco, numa cidade de 30 mil habitantes… A minha cidade é muito carente, muito pobre, não tem renda, é uma cidade agrícola de assentamento de quilombola.”
Parceria com o Governo Federal
O secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Olavo Noleto, elogiou a atuação da ABM e lembrou o sucesso do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas (ENPP), realizado em parceria com o governo: “A ABM foi a grande parceira que aceitou o desafio de construir junto com a gente esse maior encontro da história do municipalismo brasileiro.”
Com a nova diretoria, a ABM se consolida como uma das principais vozes do municipalismo no país, prometendo ampliar o debate sobre a descentralização de recursos e o fortalecimento das cidades como motores do desenvolvimento nacional.