Redes de cidades da América Latina se reuniram em Quito, Equador, nesta quarta-feira (12), para discutir o modelo de representação do conjunto de municípios latino-americanos na CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), entidade internacional que tem entre seus objetivos reforçar a influência do governo local e de suas organizações representativas na governança global. A Associação Brasileira de Municípios (ABM), representada por seu presidente, Eduardo Tadeu Pereira, defende a definição de uma nova dinâmica, que permita uma representatividade mais democrática das cidades da América Latina na CGLU.
Atualmente essa representação é desempenhada pela Federação Latino-americana de Cidades e Associações Municipalistas (FLACMA). Porém, as redes de cidades e municípios que participam ativamente dos processos de discussão internacional que envolvem os governos locais estão descontentes com a atual configuração dessa representatividade, apontando como principais problemas a falta de espaços de participação e diálogo. “Precisamos qualificar a representação da América Latina na CGLU e, para isso, é importante buscarmos um consenso no sentido de inserir as cidades ativas na articulação dos governos locais na discussão de temas como desenvolvimento urbano, democracia participativa entre outros, o que não tem sido possível através da FLACMA. Temos redes de cidades suficientemente representativas para mostrar que há uma crise de representação da América Latina na CGLU”, avalia o presidente da ABM, Eduardo Tadeu Pereira.
Além da ABM, participaram da reunião representantes da Associação Chilena de Municípios, Redcisur – rede de cidades capitais da América do Sul-, Associação Colombiana de Cidades Capitais e Rede Mercocidades. A Frente Nacional de Prefeitos (FNP), entidade municipalista brasileira que atua com foco nas capitais, e a Rede do Fórum de Autoridades Locais de Periferias por Metrópoles Solidárias, também estão apoiando a articulação em busca de uma nova forma de organização das cidades latino-americanas. Essas organizações redigiram uma carta durante encontros em Bogotá e Porto Alegre, propondo a formação de um Grupo Aberto de Trabalho Permanente de Cidades, Governos Locais, Redes e Associações Municipais da América Latina, para construir junto com a CGLU a representação regional dos Governos Locais . “Temos participado ativamente dos debates e criando laços de relacionamento com a CGLU, porém encontramos grande dificuldade para participar da FLACMA e não concordamos com o seu método de trabalho”, relatou Jorge Rodríguez, coordenador da Secretaria Técnica Permanente da Rede Mercocidades.
Para a Coordenadora de Cooperação Internacional da Prefeitura de São Paulo, Beatriz Alves Leandro, também é preciso definir uma nova forma de articulação para construir uma estratégia comum dos governos locais e associações municipalistas da América Latina. “É importante termos uma representação latino-americana na CGLU
Alinhada programaticamente e, dessa forma, incidirmos com mais robustez nos grandes temas globais, como a definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), COP 21 e Habitat III”, afirma.
A direção da FLACMA foi convidada para participar da reunião em Quito, porém não enviou representante. Rodríguez sugeriu a Cristian Espinosa, Diretor Metropolitano de Relações Internacionais de Quito, que o prefeito Mauricio Rodas, co-presidente da CGLU na representação da América Latina, fomente a articulação de uma nova dinâmica de participação das cidades latino-americanas.
O grupo definiu que realizará uma próxima reunião no Uruguai, durante os colóquios do Msur, e trabalhará para fortacer o movimento das redes de cidades latino-americanas, objetivando maior representatividade, além de buscar outras formas de diálogo com a FLACMA E CGLU.