A desigualdade é um problema presente em muitas cidades brasileiras. Em São Paulo, por exemplo, é evidente no acesso a serviços básicos de saúde e educação, na oferta de equipamentos esportivos e culturais e até mesmo na expectativa de vida da população. Dados mostram que 31 dos 96 distritos do município não possuem leitos hospitalares, 34 não têm parques e 36 não têm bibliotecas. Além disso, a expectativa de vida muda drasticamente entre os distritos: em Cidade Tiradentes, na zona leste, é de 53,85 anos, enquanto no Alto de Pinheiros, na zona oeste, é de 79,67 anos.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão uma dimensão dessas discrepâncias. “Uma sociedade desigual é uma sociedade imoral. É muito importante colocar a redução da desigualdade como eixo central de qualquer ação de governo e da sociedade”, afirma presidente emérito do Instituto Ethos e conselheiro do Instituto Cidades Sustentáveis, Oded Grajew.
“O Brasil é um país rico, mas é um dos campeões mundiais das desigualdades. E eu falo desigualdades no plural, porque uma alimenta a outra: social, econômica, ambiental, nos assuntos que implica a educação, a saúde, as questões raciais e de gênero, o território (…). Elas são diversas e se entrelaça.”
Nesse sentido, o Instituto Cidades Sustentáveis, em conjunto com outras organizações, idealiza o “Pacto Nacional pela Redução das Desigualdades”, programado para o mês de agosto. O principal objetivo é colocar o combate às desigualdades como uma prioridade na gestão pública. “Colocamos em marcha uma agenda para tornar nossa sociedade menos desigual possível, pois esse é o caminho do sucesso, do bem estar da população”, enfatizou Grajew.
De antemão, para ajudar na identificação das principais vulnerabilidades, o instituto disponibiliza o “Guia Orientador para Construção de Mapas da Desigualdade nos Municípios Brasileiros”, que auxilia os gestores na reunião de indicadores e na elaboração de mapas da desigualdade. “Precisamos alocar a atenção para onde mais precisa, e o município tem um papel fundamental, pois é onde estão as pessoas”. É onde você tem o poder de influir, de diminuir a desigualdade”.
E a Associação Brasileira de Municípios (ABM) compartilha desse pensamento, e busca promover o conhecimento de bons exemplos, de boas práticas, de relacionamento entre os municípios. “Combater a desigualdade é fundamental para garantir um futuro mais justo e sustentável para o Brasil. É importante que os governos locais implementem políticas públicas inclusivas que visem à redução das desigualdades e coloquem os municípios em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU)”, pontou o vice-presidente de Relações Institucionais, Gilmar Dominici.
“A ABM tem um importante papel, tanto na divulgação, no compartilhamento de experiências bem-sucedidas e no aprendizado coletivo, como também na utilização do seu poder político junto a outras instâncias governamentais, para que o combate às desigualdades seja também prioridade nos Estados e a nível de Governo Federal, finalizou Oded Grajew, ao enfatizar que “a desigualdade é a fonte dos conflitos e da não harmonia”.