Em painel sobre governança multinível, vice-presidente da ABM, prefeito Zelmute Marten, destacou a necessidade crítica de planejamento integrado e criticou a desinformação sobre a COP 30
A Associação Brasileira de Municípios (ABM) marcou presença no “Seminário Governança Climática” e no “2º Encontro Cidades Verdes Resilientes”, realizados em Brasília, com participação ativa de seu vice-presidente de Cidades Resilientes, Zelmute Marten, prefeito de São Lourenço do Sul/RS. Marten integrou o painel “Federalismo Climático: implementando a governança climática multinível” e, em uma fala contundente, traçou um panorama dos desafios dos municípios frente à crise climática e à necessidade de cooperação entre todos os entes federados.
O prefeito iniciou sua fala saudando os ministérios do Meio Ambiente, das Cidades e de Ciência e Tecnologia pela promoção do Programa Cidades Verdes Resilientes, que classificou como “um esforço concreto do governo brasileiro de consolidação do federalismo climático”. Ele celebrou a retomada de uma política pública nacional após um “grave de negacionismo”, visando integrar os entes federados para implementar ações de adaptação, mitigação e prevenção de eventos extremos.
Relato na Linha de Frente da Crise
Marten levou ao plenário a realidade crua dos municípios que vivem na prática os efeitos da emergência climática. Relatou que, em apenas oito meses de gestão em São Lourenço do Sul/RS, cidade de 43 mil habitantes, já decretou calamidade e emergência múltiplas vezes devido a enchentes, granizo e seca. “Há duas semanas, tivemos 300 milímetros de chuva em 24 horas. Duas mil residências foram alagadas… nossas comunidades mais pobres sofrem o que eu denomino como uma localidade de refugiados climáticos”, descreveu, ilustrando a urgência do tema.
O Papel da ABM e o Alinhamento com a Democracia
O vice-presidente deixou clara a posição da ABM, lembrando ser a associação municipalista mais antiga do país e “a única com alinhamento integral com as políticas do governo do presidente Lula”. Marten defendeu que tais políticas colaboram com o desenvolvimento econômico, a geração de emprego e a soberania nacional.
Ele conectou a luta climática diretamente à defesa da democracia, citando dois “escárnios”: a captura do Orçamento Geral da União pelo Congresso Nacional, que chamou de “clientelismo”, e a recente ameaça dopresidente dos Estados Unidos ao Brasil. “Essas questões têm total relação… nós estamos diante do maior compromisso ético da humanidade”, afirmou, criticando as “teses do ódio e da intolerância” que, segundo ele, são semeadas por potências que abandonaram acordos climáticos.
Chamado à Ação e Crítico à COP 30
Marten encerrou com um chamado à ação e um alerta. Convidou todos os presentes a integrarem a ABM, destacando uma parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para preparar planos de resiliência para pequenos municípios, que representam mais de 90% das cidades brasileiras.
Por fim, dirigiu um apelo direto ao governo federal: “Nós estamos a menos de 60 dias da COP 30, e o desafio é que seja uma COP das cidades, mas as cidades não sabem como vão participar”. Marten alertou que os municípios estão baseados na “desinformação” e pediu que o encontro sirva como marco para acelerar a organização e garantir a participação efetiva de todos os municípios e comunidades na conferência mundial. “É preciso que o governo brasileiro acorde”, concluiu.