O ABM Debate: Geração de Energia e Economia Solidária: como organizar uma Política Municipal? possibilitou aos gestores e profissionais que atuam no setor público um painel das possibilidades e das ações em andamento nos governos locais. Em duas horas, o evento, realizado na quinta-feira (18), reuniu prefeitos, secretários e especialistas para abordar uma temática que dialoga com a Agenda 2030. A integra do evento está disponível na TV ABM https://www.youtube.com/watch?v=v5vcutXSWu0 .
O Diretor Executivo da ABM, Eduardo Tadeu Pereira, que coordenou o webinário, lembrou que os municípios estão atravessando um período de crises que se articulam e dificultam a ação política e administrativa dos gestores públicos. Destacou, porém, que as responsabilidades de prefeitas e prefeitos “aumentaram pela inércia do governo Federal. Mas, ao mesmo tempo, é uma oportunidade de ocupar um espaço na articulação de políticas públicas inovadoras”.
Na abertura das exposições, o presidente da ABM e prefeito de São Leopoldo (RS), Ary Vanazzi, lembrou que a entidade assumiu nos últimos anos a articulação nacional e internacional da Agenda 2030 e adotou o tema como orientação estratégica de suas ações em defesa dos municípios brasileiros. Assim, a pauta debatida hoje “é relevante, é de primeira linha para enfrentar a questão da sustentabilidade e do negacionismo ambiental do governo Federal. As prefeituras precisam fazer essa articulação com os atores locais”, salientou.
No início de sua apresentação, Egeu Esteves, professor da Universidade Aberta À Economia Solidária (UAES) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESF), foi enfático ao lembrar a trajetória das ações de combate ao aquecimento global, desde a Conferência Rio 92 até a COP 21, afirmando que caminhamos para uma catástrofe climática. “Ou agimos agora, ou não teremos uma segunda chance”. E os municípios podem desempenhar um papel importante nesse cenário.
Na questão da geração de energia, destacou o ritmo e crescimento do solar na matriz energética do país, hoje, segundo ele, em torno de 5%. E esse movimento, conforme explica, ocorre pela flexibilidade e possibilidades da aplicação em várias escalas, como em edificações (prédios públicos) e bairros (pequenos espaços, como estacionamentos), que propicia a formação de redes para produção e consumo da energia, através de cooperativas.
Elenca três ações que as Prefeituras podem adotar para articular uma política local de energia economia solidária: 1) usar energia solar nos prédios públicos (existentes e novos); 2) incentivo para o cidadão adotar a energia solar; 3) ceder áreas públicas para cooperativas gerar energia.
Representando a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), que representa as empresas da cadeia de geração de energia fotovoltaicas, Bárbara Rubim, destacou que o setor vem gerando emprego, renda e redução do impacto ambiental. Ressaltou que a participação do solar vem sendo incentivado também por fatores econômicos, como a redução de preços das placas solares e aumento do custo da energia elétrica nos últimos ano.
Também destacou algumas sugestões de ações que os municípios podem adotar para articular uma política local de energia. Em primeiro lugar, utilizar concessão de benefícios tributários como o IPTU (por tempo determinado) e ISS (redução de alíquota). Também lembrou a importância da implantação da tecnologia solar nas edificações públicas, como escolas, postos de saúde, parques e praças.
Já o professor Walmeran Trindade, do Instituto Federal de João Pessoa/PB, da área de eletrotécnica/energias renováveis, e um dos fundadores da Cooperativa Bem Viver, apresentou uma experiência em andamento que estrutura a ação de geração de energia e economia solidária, no sertão paraibano. Antes, porém, fez questão de reforçar que a questão energética precisa ser tratada nos municípios. “As prefeituras precisam se apropriar deste debate e da formulação de políticas públicas”.
A Cooperativa Bom Viver trabalha com duas perspectivas: desenvolver uma novo modelo de geração de energia elétrica e diminuir o custo com energia elétrica. No município de Maturéia, interior da Paraíba, distante 320 quilômetros de João Pessoa, estão instalando uma Usina de Geração de Energia Solar com capacidade de 67KWp. O investimento conta com parceria com o projeto Misereor e Centro de Educação Popular e Formação Social (CEPFS).
Sandino Lamarca, Diretor de Projetos da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Serra Talhada/PE, apresentou a estrutura da política local de energia que congrega ações na área tributária, como o IPTU Verde e o IPTU Solar com medidas de eficientização energética em todo município, como a troca da iluminação pública por lâmpadas de LED.
Outra novidade, destacou Sandino, é que a Prefeitura de Serra Talhada está em fase final de elaboração o Plano de Ação Climática, que vai estabelecer metas e ações que buscam avançar na política de sustentabilidade local.
Acompanhou os debates, Julia Assis, da assessoria do Senador Jean Paul (PT/RN), que está preparando emendas para a legislação do Marco Regulatório do setor.