Evento “Cidades Inclusivas e Justas” reuniu ministra Márcia Lopes, prefeitas e lideranças femininas para debater a integração entre gênero e políticas climáticas locais
A Associação Brasileira de Municípios (ABM), em parceria com o Instituto Alziras, promoveu na quarta-feira (12) um dos debates mais importantes da COP30: o painel “Cidades Inclusivas e Justas: Gênero como Eixo da Ação Climática Local”. Realizado no Pavilhão Brasil, na Zona Verde da conferência, o evento reuniu ministras, prefeitas, pesquisadoras e representantes de organismos internacionais para reforçar que não há justiça climática sem garantir a igualdade de gênero e fortalecer o papel das mulheres na tomada de decisão.
Com mediação de Daniela Monteiro, assessora de Mudança Climática e Relações Internacionais da ABM, o painel contou com lideranças de destaque, como Márcia Lopes, ministra das Mulheres; Francineti Carvalho, prefeita de Abaetetuba/PA e vice-presidente Nacional da ABM; Ana Carolina Querino, representante adjunta da ONU Mulheres Brasil; Juliana Cardoso, deputada federal; Kelly Agopyan, do Instituto Pólis; e Michelle Ferreti, diretora do Instituto Alziras.
Mulheres no centro dos impactos e das soluções
A prefeita Francineti Carvalho iniciou sua participação com uma contundente reflexão sobre o papel dos municípios: “Ninguém mora na nação, nem no Estado. Eles são elementos simbólicos. As pessoas moram nos municípios, onde buscam por soluções para seus problemas”, afirmou ao destacar a conexão direta entre gênero e clima, por meio de exemplos concretos: “Toda vez que há um desastre ambiental, quando falta água, são as mulheres que ficam imersas nos baldes”.
A gestora também ressaltou as particularidades dos municípios amazônicos: “A falta de água potável, que é um problema ambiental, gera diversas doenças virais na região, onde somos cercados por isso. É um problema que afeta diretamente as mulheres e as crianças”.
Já a ministra Márcia Lopes defendeu a construção de um novo paradigma para as cidades, baseado no cuidado e na justiça socioambiental: “O território transformador nos permite reconstruir a cidade a partir da vida, do cuidado, da justiça, não da violência ou da desigualdade”. E completou: “É assim que construiremos cidades mais seguras, justas e resistentes para todas as pessoas”.
Da teoria à prática: a urgência de políticas territoriais
O painel evidenciou que, embora as mulheres sejam as mais impactadas pelas mudanças climáticas, também são as principais agentes de transformação na linha de frente das respostas locais, especialmente em periferias e comunidades tradicionais.
Ana Carolina Querino, da ONU Mulheres Brasil, reforçou a importância de incluir a perspectiva de gênero transversalmente no planejamento de políticas públicas climáticas, enquanto a deputada Juliana Cardoso ressaltou a urgência de garantir orçamento e recursos para iniciativas lideradas por mulheres.
Um legado de fortalecimento local
O evento consolidou um recado claro: a luta pela justiça climática está intrinsecamente ligada à promoção da igualdade de gênero, incorporando a experiência, o conhecimento e o protagonismo feminino. Para a ABM, a discussão reforça o compromisso de seguir apoiando e ampliando espaços decisórios para que prefeitas e gestoras municipais possam liderar, com recursos e capacitação, a implementação de ações climáticas que considerem as reais necessidades dos territórios.
A atividade integrou a agenda estratégica da ABM na COP30, que, ao longo da Conferência, promoveu seis painéis de alto nível e mais de dez eventos paralelos, sempre fortalecendo o papel dos governos locais na construção de um futuro sustentável, democrático e inclusivo.






