A cidade de São Leopoldo, no Vale do Sinos, Rio Grande do Sul, com seus 251,56 km² e população estimada em 234.992 habitantes, se viu diante de um dos maiores desafios de sua história recente: as enchentes de maio de 2024. O Rio dos Sinos, que corta a cidade, transbordou, atingindo a marca de 8,2 metros, a maior da história, e inundando diversos bairros.
Mais de 180 mil pessoas foram afetadas, com casas destruídas, desabrigados e perdas materiais incalculáveis. A tragédia colocou à prova a capacidade de resposta do município, que, mesmo reconhecido por suas ações em prol do desenvolvimento sustentável, se viu em uma situação extrema.
Diante do cenário devastador, a prefeitura decretou situação de calamidade pública e mobilizou todos os seus esforços para auxiliar a população. Equipes de resgate trabalharam diuturnamente para salvar vidas e levar mantimentos aos desabrigados. Abrigos foram montados em escolas e ginásios para acolher os necessitados.
Paralelamente, o município iniciou um plano de reconstrução, com a limpeza das áreas atingidas, a desobstrução de vias e a avaliação dos danos. Apesar de ser a sétima maior economia do estado, São Leopoldo enfrenta enormes desafios para se reerguer. O prefeito Ary Vanazzi, também presidente da Associação Brasileira de Municípios (ABM), ressalta que a cidade tem a força e a capacidade para superar o momento: “Somos uma cidade resiliente, que já superou muitos desafios no passado. Tenho certeza de que, com trabalho conjunto, vamos reconstruir São Leopoldo e torná-la ainda mais forte e próspera.”
Plano de reconstrução abrangente e sustentável
O caminho para a reconstrução é longo e árduo, mas São Leopoldo, cidade com um histórico de compromisso com a sustentabilidade, demonstra resiliência e força para se reerguer. Para tanto, a prefeitura apresentou, no dia 2 de julho, um plano de reconstrução abrangente e sustentável, dividido em 10 medidas:
- Fortalecer o Observatório Municipal de Mudanças Climáticas e executar o Plano Local de Ação Climática (PLAc): buscando soluções para aumentar a resiliência da cidade aos eventos climáticos extremos;
- Promover soluções baseadas na natureza: como a criação de áreas verdes e a restauração de ecossistemas, para reduzir os riscos de inundações;
- Atualizar o Plano de Contingência: com medidas mais eficazes para lidar com desastres, garantindo a segurança da população;
- Criar defesas civis populares: capacitando a comunidade para agir em situações de emergência;
- Implementar políticas de descarbonização: como o IPTU Verde e a utilização de ônibus elétricos, para combater as mudanças climáticas;
- Pleitear recursos para estudos: sobre volumes pluviométricos e capacidade dos rios, junto ao Governo Federal;
- Solicitar recursos para projetos de infraestrutura: como a ampliação dos diques, construção de bacias de amortecimento e modernização das Casas de Bombas;
- Defender a criação de uma estrutura federal: para gerenciar os sistemas de proteção contra cheias de forma integrada;
- Agilizar o licenciamento para a dragagem do Rio dos Sinos: assoreado pelas chuvas;
- Implementar medidas de reconstrução integradas: que considerem os aspectos econômicos, sociais, ambientais e culturais da cidade.
Liderança climática do município no GCoM
São Leopoldo, signatária do Pacto Global de Prefeitas e Prefeitos pelo Clima e a Energia (GCoM) desde 2019, foi reconhecida no último ano pelo avanço em suas ações em prol do desenvolvimento sustentável e da redução dos impactos das mudanças climáticas, tornando-se, junto com Curitiba, uma das duas cidades brasileiras com o selo de conformidade outorgado pela aliança global. Este compromisso com a sustentabilidade se reflete no plano de reconstrução da cidade, que busca não apenas reparar os danos causados pelas enchentes, mas também construir um futuro mais resiliente e sustentável.
A tragédia das enchentes serve como um alerta para os perigos das mudanças climáticas e a necessidade de ações urgentes para sua mitigação. O GCoM é uma iniciativa global que reúne cidades comprometidas com a implementação de políticas públicas para combater as mudanças climáticas e promover o desenvolvimento sustentável. São Leopoldo é uma das signatárias do pacto e tem se destacado por suas ações na área, como a implementação de um plano de gestão de resíduos sólidos, a promoção da mobilidade urbana sustentável e o investimento em energias renováveis.