Na última quarta-feira (8), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, publicou a minuta do edital da licitação da concessão dos ônibus da capital e estimou em R$ 70 bilhões o valor total dos contratos para os próximos 20 anos, renováveis por igual período. A cidade será dividida em 23 lotes. A concorrência é a maior da história do País no setor de transporte público.
O texto publicado no portal da São Paulo Transporte (SPTrans) para consulta pública na internet traz mudanças em relação ao que vinha sendo prometido por Haddad desde 2013, quando a licitação foi adiada. Empresários estrangeiros, por exemplo, só poderão participar da disputa caso se associem a empresários brasileiros.
Companhias da China, dos Estados Unidos e da Inglaterra já haviam demonstrado interesse em participar da disputa. Segundo a Prefeitura, caso elas ainda queiram participar, terão de seguir critérios de uma lei da gestão Marta Suplicy que regulamenta o transporte da cidade e impede a presença de estrangeiros no setor.
Outro ponto trazido pelos textos é a exigência de as empresas interessadas terem garagens próprias para operar o serviço. Se não tiverem, diz o edital, elas deverão de adquirir terrenos ou pagar uma contraprestação à Prefeitura para usar áreas públicas. O teor é diferente do que a Prefeitura havia anunciado. Em fevereiro, Haddad publicou 12 decretos de desapropriação de terrenos usados pelas atuais garagens de ônibus – uma área, somada, de 433,2 mil metros quadrados.
Em nota, a Secretaria de Transportes diz que “as empresas que vencerem a concorrência e que não possuírem garagens terão a garantia do poder concedente de disponibilidade onerosa desses equipamentos”. O edital não diz quais serão os valores desse “aluguel” dos espaços das garagens – uma dificuldade para a composição do cálculo dos custos das empresas que devem participar.
Preço
A licitação determina que serão escolhidas as empresas que pedirem menor preço de repasse por passageiro. Em cada um dos lotes, há um preço máximo que a Prefeitura está disposta a pagar (varia de R$ 1,73 a R$ 3,57, de acordo com o lote de atuação).
Conforme a Prefeitura já havia anunciado, a remuneração das empresas vai levar em conta se os ônibus vão sair nos horários programados e a qualidade dos veículos. Ônibus com mais de dez anos em circulação continuam vetados na frota municipal. Todos os veículos terão internet Wi-Fi.
A frota de ônibus deve perder mil veículos, totalizando cerca de 14 mil unidades, o que vai reduzir os custos da operação. Pelo plano, a Prefeitura espera compensar a redução com o aumento de partidas dos coletivos, fazendo os veículos restantes rodarem mais vezes ao longo do dia.
Prazos
A minuta do edital não diz quando ele será de fato lançado nem qual será a data em que os envelopes com as propostas serão abertos. A expectativa da Prefeitura é de que, com eventuais questionamentos judiciais dos concorrentes e dos órgãos de controle municipais, o processo só seja de fato concluído no fim do próximo ano. Os contratos atuais, que vencem na próxima semana, terão de ser aditados outra vez.
Fonte: O Estado de S. Paulo